Secção Portuguesa

Quem falou em dissidência ou pediu alternância? Não foi do lado de cá, porque, apesar das ondas do Atlântico só mais tarde terem sido sulcadas por pranchas de surf, a consciência das limitações, não dava para erguer vozes que reclamassem fronteiras… Sentíamo-nos bem com os nossos amigos que nos haviam escolhido como contribuintes em Santiago de Compostela e seguimos no aconchego de todos para Segóvia e depois para Salamanca. Com surpresa fomos aí solicitados a assumir o IV Congresso da AHLM em Lisboa e tivemos a concordância de quase todos para isso. Com maior surpresa ainda nos vimos em fim de Congresso chegar ao Castelo de S. Jorge sem necessidade de clamar por Santiago, porque os caminhos de Compostela tinham ficado floridos e as Cantigas serviam de encanto… Nos dias anteriores, a Direcção da AHLM erguia palmas para homenagear figuras selectas do medievalismo como eram Mário Martins, L. F. Lindley Cintra e M. Rodrigues Lapa. Quando surgiu a proposta de fomentar secções para atender a distâncias e matizar campos por variações linguísticas, aderimos na modéstia de recursos que nos eram próprios. No rectângulo geográfico que a história fora afeiçoando e na variante linguística que nos cabia, fomos criando variedade: uns mais dedicados ao estudo da Filologia (com integração da Codicologia e da Ecdótica através do regresso à Tradição Textual), outros mais voltados para o estudo das Cantigas e para a análise das Crónicas, uns descobrindo as versões do Romanceiro, outros embrenhados nas narrativas da História, fomos abrindo caminhos. E, como diz Antonio Machado, o Caminho faz-se caminhando – “no hay camino, se hace al andar”: com outros, e todos dando as mãos para que as pedras da calçada não pesem em quem passa… Saudamos os que já passaram e alegramo-nos com todos quantos temos tido a nosso lado no avanço dos dias e dos trabalhos.

Aires A. Nascimento
Presidente AHLM SP

Lisboa, 19 de Setembro de 2017

» Noticiários

» Actas congresos Secção Portuguesa da AHLM

» Arquivo Secção Portuguesa da AHLM